segunda-feira, setembro 29, 2008

Desmatamento na Amazônia cresce 134% em agosto

O desmatamento na Amazônia em agosto foi 134% maior que em julho, de acordo com os números do Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter) divulgados hoje (29) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em agosto, os alertas registraram 756 quilômetros quadrados de novas áreas desmatadas, em comparação com os 323 quilômetros quadrados detectados no mês anterior.
Se comparado com o mesmo período de 2007, quando o Inpe registrou 230 quilômetros quadrados no mês de agosto, o crescimento chega a 228%.
Pelo terceiro mês consecutivo, o Pará foi indicado como o estado com maior devastação. Em agosto, o Inpe registrou 435,27 quilômetros quadrados de desmatamento no estado, 57% do total. Mato Grosso aparece em seguida, com 229,17 quilômetros quadrados de novos desmates, seguido por Rondônia, com 29,21 quilômetros quadrados.
Cálculo do Deter considera as áreas que sofreram corte raso (desmatamento completo) e as que estão em degradação progressiva.
A cobertura de nuvens sobre os estados da Amazônia Legal no período impediu a visualização de 26% da área, principalmente nos estados do Amapá e de Roraima, que “não puderam ser monitorados adequadamente”, de acordo com relatório do Inpe.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, comentará os dados hoje à tarde e divulgará a lista dos cem maiores desmatadores da Amazônia.
A taxa anual de desmatamento, medida pelo Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes) deve ser divulgada até o fim do semestre. O número é calculado com base no acumulado de novos desmatamentos verificados pelo Deter entre agosto de 2007 e julho de 2008. No período, o desmate chegou a 8,1 mil quilômetros quadrados, 64% maior que nos 12 meses anteriores.
Fonte: Agência Brasil

quarta-feira, setembro 24, 2008

Programe-se com o calendário de palestras na sede da SOS Mata Atlântica

2 de outubro - Agenda 21, com Nina Orlow

16 de outubro - A cidade e o Código Florestal, com Marcio Ackermann, geógrafo, mestre pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), técnico agrícola

Todas as palestras são gratuitas e abertas ao público. Para participar basta com parecer às 20h, na sede da Fundação SOS Mata Atlântica, localizada na Rua Manoel da Nobrega, 456, Paraíso São Paulo/SP.

domingo, setembro 21, 2008

Ciclo de Palestra de Geociências 2008

Secretaria de Estado do Meio Ambiente
convida para o Ciclo de Palestra de Geociências 2008
“Recursos Minerais”
Proferida pelo Professor Dr. Hélio Shimada

28 de Setembro de 2008
14h00
Museu Geológico Valdemar Lefèvre - MUGEO
Av. Francisco Matarazzo, 455
Parque da Água Branca - Perdizes
São Paulo - SP
Informações:
MUGEO
Fone: 11 3673-6797/6358

quinta-feira, setembro 18, 2008

Mais de 900 milhões de pessoas passam fome no mundo, diz ONU

O número de pessoas com fome no mundo subiu de 850 milhões para 925 milhões em 2007, por causa da disparada dos preços dos alimentos, anunciou nesta quarta-feira em Roma o diretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Jacques Diouf.
"O número de pessoas subnutridas antes da alta dos preços de 2007-2008 era de 850 milhões. Este número aumentou durante 2007 em 75 milhões, alcançando os 925 milhões", declarou Diouf em audiência nas Comissões das Relações Exteriores e de Agricultura do Parlamento italiano.
O índice FAO dos preços dos alimentos teve aumento de 12% em 2006 em relação ao ano anterior, de 24%, em 2007, e de 50%, durante os sete primeiros meses deste ano, acrescentou Diuf.
"É preciso investir US$ 30 bilhões por ano para duplicar a produção de alimentos e acabar com a fome", acrescentou. Diouf afirmou que "o desafio é de grandes proporções e é necessário dar de comer a 9 bilhões de pessoas em 2050".
Segundo ele, este valor é "bastante modesto" se comparado às somas desembolsadas pelos países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) em incentivo à agricultura (US$ 376 bilhões) ou aos gastos com armamento (US$ 1,2 trilhão), em 2006.
O diretor-geral da FAO reiterou que as previsões indicam que, mesmo que a produção de cereais no mundo melhore, os preços se manterão estáveis nos próximos anos e a crise dos alimentos se prolongará nos países pobres.
Metas contra a fome
Os países membros da FAO se comprometeram durante uma cúpula no início de junho em Roma a reduzir pela metade o número de pessoas que sofrem de fome até 2015, apesar da crise de alimentos, segundo a declaração final desta reunião.
Este texto, obtido após árduas negociações, reitera as conclusões das cúpulas sobre alimentação de 1996 e 2002: "Alcançar a segurança alimentar" e "reduzir à metade o número de pessoas subnutridas até 2015, no máximo".
Em Roma, Diuf considerou que, com as tendências observadas hoje, "esta meta seria alcançada em 2150 em vez de 2015". Na cúpula de Roma, os doadores se comprometeram a conceder mais de US$ 6,5 bilhões para a luta contra a fome e a pobreza.
Miséria
Em julho, no ápice da crise alimentar no mundo com o início da escalada dos preços dos alimentos, a ONU e o Banco Mundial haviam alertado contra o avanço da miséria. A alta dos preços dos alimentos ameaça reverter todos os avanços globais com desenvolvimento e levar 100 milhões de pessoas em todo o mundo para baixo da linha de pobreza, advertiram no secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-Moon, e o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.
A declaração de ambos foi feita na ilha de Hokkaido, no Japão, onde aconteceu a reunião de cúpula anual do G8 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia).
Na ocasião, Ban e Zoellick cobraram dos países do G8 uma ação urgente para combater a atual crise e para prevenir futuras altas nos preços dos alimentos.
Segundo o secretário-geral da ONU, o mundo enfrenta três crises simultâneas e interligadas - dos alimentos, do clima e de desenvolvimento --para as quais são necessárias soluções integradas. "Nossos esforços até agora têm sido muito divididos e esporádicos. Agora é a hora de termos um enfoque diferente", afirmou Ban. "A ONU está pronta para ajudar com todos esses desafios globais", disse. Segundo ele, "todo dólar investido hoje equivale a dez amanhã ou cem no dia seguinte".
Fonte: Folha Online, Mundo, 17/09/2008

quarta-feira, setembro 17, 2008

Gelo marinho ártico é o 2º menor da história

Circunavegar o pólo tornou-se possível pela 1ª vez Agora é oficial: o gelo marinho no Ártico atingiu em 2008 sua segunda menor extensão já registrada: 4,52 milhões de quilômetros quadrados. Embora seja 9,4% maior que o recorde de degelo de todos os tempos, batido em 2007, essa extensão sinaliza uma forte tendência de declínio, o que pode significar um pólo Norte sem gelo no verão num futuro próximo.
A estação de degelo foi considerada encerrada ontem pelo NSICD (Centro Nacional de Dados de Gelo e Neve) dos Estados Unidos, que monitora o estado da banquisa. A partir da segunda quinzena de setembro, quando começa o outono no hemisfério Norte, o gelo marinho começa a se recongelar.
Apesar de afastado o temor de um novo recorde, a extensão da banquisa ficou 33% abaixo da média observada desde 1979, quando começaram as medições com satélites.E, neste ano, tornou-se possível pela primeira vez circunavegar o Ártico. Tanto a Passagem Noroeste (entre a Europa e a Ásia via Canadá) quanto a Rota Marítima Norte (pela costa siberiana) se abriram."Não estamos num mínimo como o do ano passado, mas estamos abaixo de qualquer coisa que tivemos no passado", disse Walt Meier, do NSIDC.
O gelo ártico é um fator de regulação do clima global. A diferença entre o ar frio dos pólos e o ar quente no Equador põe em marcha as correntes marinhas e os ventos. O gelo marinho ajuda a manter o frio no pólo Norte, porque rebate a radiação solar de volta para o espaço. Quando a banquisa derrete, a água escura absorve radiação, aumentando mais o calor.
O degelo de 2008, para Meier, é de certa forma mais grave que o de 2007, porque 2008 foi mais frio no norte. "Em termos de clima no longo prazo, isto não é uma recuperação de forma alguma", ele disse. "A tendência de longo prazo é ladeira abaixo, e ela está ficando mais íngreme."Os cientistas atribuem o degelo ao aquecimento global. "Isso é uma indicação de que não se trata de nenhum ciclo temporário. É mais uma indicação de que estamos chegando ao ponto em que teremos o gelo marinho completamente derretido, nas próximas décadas ou talvez antes."
Folha de São Paulo, 17/9

sábado, setembro 13, 2008

Estado de SP suspende corte de cerrado

O governo do Estado de São Paulo suspendeu, por meio de uma resolução, as autorizações para corte de cerrado por um período de 180 dias. O objetivo é resguardar o pouco que resta desse bioma até que seja aprovada uma lei que o proteja -o projeto será enviado em breve para a Assembléia.
Hoje, o Estado possui 211 mil hectares dessa vegetação -o que equivale a 0,84% do território paulista. Originalmente, o cerrado ocupava 14% da área de São Paulo, com 3,4 milhões de hectares. Hoje, a expansão da cana e os loteamentos são as maiores ameaças ao que resta dele.
Segundo o secretário estadual Xico Graziano (Meio Ambiente), no país não existe legislação específica de proteção ao cerrado.Renata Inês Ramos, diretora-geral do DEPRN (Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais), explica que o projeto de lei tem diferentes especificações para área rural e urbana.
Segundo a minuta do projeto, no caso da área rural, só poderá ser autorizado corte de cerrado em estágio inicial se o proprietário tiver reserva legal regularizada no terreno (que deve ser de 20% da área). Ele também não pode ter ocupado as APPs (Áreas de Preservação Permanente) do imóvel -como topos de morro e margens de rios.
Já quando se tratar de vegetação mais desenvolvida, só poderá ser autorizado o corte para realização de obras de utilidade pública (como estradas) ou "atividades de interesse social".Em municípios com menos de 5% de cobertura vegetal, porém, mesmo para vegetação em estágio inicial valerá a determinação mais rígida. A autorização está condicionada, ainda, à compensação ambiental.
Na zona urbana, a propriedade que tiver cerrado deve garantir a manutenção de 20% de vegetação nativa. Além disso, no caso de vegetação em estágio inicial de regeneração, deverá ser mantido no mínimo 30% do fragmento de cerrado e, no caso de estágio médio, 50%.
Para Ivan de Marche, biólogo e geógrafo do Instituto Ambiental Vidágua, "qualquer medida de moratória ao cerrado paulista é bem vinda". "Mas deve servir inclusive para o próprio Estado, para que ele deixe de desmatar", disse. Ele opina que o projeto deveria ser mais restritivo inclusive para obras de interesse público.
Antes de qualquer licença ou autorização, afirma, os fragmentos de deveriam ter estudos sobre sua complexidade ambiental. "Mesmo os fragmentos pequenos, com menos de 5 hectares, apresentam uma riqueza de biodiversidade de flora e microorganismos."
Fonte: Folha Ciência, sábado, 13 de setembro de 2008

quinta-feira, setembro 11, 2008

Lançamento do livro "Geografias: terra e cultura na América Latina"

Edições Loyola lança no Memorial da América Latina, nesta terça-feira, 16 de setembro, o livro “Geografias: terra e cultura na América Latina”, de Maria Sirley dos Santos. O lançamento ocorrerá às 19h30, na Biblioteca Latino-Americana Victor Civita.
O livro faz parte da coleção "Sociedade educativa consciência e compromisso" e propõe uma leitura da Geografia em sua função social. A autora mostra a América Latina a partir do mosaico da história e da cultura de resistência às diferentes formas de dominação do continente, situando no espaço geográfico as diversas manifestações da arte, e como ela é pensada pelos artistas latino-americanos.
Maria Sirley dos Santos é graduada em geografia e pedagogia, e realizou seu curso de pós-graduação em ciências sociais na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; foi professora da rede pública do estado de São Paulo e da Faculdade de Ciências e Letras de Bragança Paulista, onde exerceu o cargo de diretora do Departamento de Geografia.
A autora trabalha em diferentes países da América Latina como formadora de professores e na coordenação de cursos de diplomados dirigidos a docentes de algumas universidades e redes de países latino-americanos.
Serviço:“Geografias: terra e cultura na América Latina”, de Maria Sirley dos Santos
Data: 16 de setembro de 2008 (terça-feira)
Horário: às 19:30h
Memorial da América LatinaBiblioteca Latino-Americana Victor Civita
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 - Metrô Barra Funda – São Paulo - SP
Tel: (11) 3823-4780

domingo, setembro 07, 2008

Em 15 anos, Brasília pode se tornar a terceira cidade mais populosa do país

A cidade de Brasília vai registrar taxas elevadas de expansão e deve se tornar, no prazo de 15 anos, a terceira maior cidade do país em termos demográficos. A projeção é feita pelo coordenador de População e Indicadores Sociais do IBGE, Luiz Antônio Pinto de Oliveira, que avaliou também que a população de metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro pode diminuir em até 20 anos, pois já exibem taxas de fecundidade baixas e população mais idosa. “Brasília vai continuar crescendo, tem espaço para se expandir e vai chegar daqui a 10, 15 anos a ser terceira cidade do país em termos demográficos", afirmou Oliveira.

De maneira mais abragente, Oliveira projeta que a população brasileira deixará de crescer ao final dos próximos 30 anos, quando o país deverá ter em torno de 220 milhões de pessoas. De acordo com ele, isso deve acontecer porque a taxa atual de crescimento da população está em torno de 1,2% e 1,3%, mas a taxa de fecundidade tem recuado expressivamente. “Ao final de 30 anos, a população deixará de crescer. Essa é uma expectativa que o IBGE tem para os próximos anos. A taxa de crescimento vai ficar cada vez menor, aproximando-se de um índice de estabilidade parecido com a dos anos 40 ”, avalia.

O diretor explica que quando o país alcançar 220 milhões de habitantes, a taxa de filhos por mulher vai estar por volta de 1,5, sendo que atualmente essa relação é de dois filhos por mulher. “A experiência internacional é que é muito difícil haver um crescimento após isso. Acomoda os valores culturais, econômicos e a população pára efetivamente de crescer. Mas no Brasil isso vai demorar mais de 30 anos”, complementou.

Mais populosos

Segundo o documento de divulgação do IBGE, nos últimos sete anos, o Brasil ganhou mais 14 milhões de habitantes, o que corresponde a um estado do tamanho da Bahia. Na contagem, foram visitados 30 milhões de domicílios. O Tribunal de Contas da União vai utilizar o levantamento para o cálculo das quotas referentes ao Fundo de Participação dos Municípios.

Entre as grandes regiões, segundo o IBGE, todas apresentaram expansão populacional em relação ao Censo 2000, mas não houve alterações no ranking dos mais populosos: o Sudeste ainda lidera, com 77,8 milhões, seguido pelo Nordeste (58,5 milhões); Sul (26,7 milhões), Norte (14,5 milhões); e Centro-Oeste (13,2 milhões). Há sete anos, mantida a ordem de regiões acima, os números eram, respectivamente: 72,4 milhões (Sudeste); 47,7 milhões (Nordeste); 25 milhões (Sul); 12,9 milhões (Norte); e 11,6 milhões (Centro-Oeste).

Já nos estados, o mais populoso continua a ser São Paulo, com 39,8 milhões de habitantes, seguido por Minas Gerais (19,2 milhões) e Rio de Janeiro (15,4 milhões). O menos populoso é Roraima (395,7 mil habitantes). Palmas, no Tocantins, ainda é a capital menos populosa, com 178,3 mil habitantes.

Fonte: Correio Braziliense

quinta-feira, setembro 04, 2008

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Para conhecimento,
Vocês sabiam que o governo brasileiro mantém um portal, denominado CAPES,de acesso a diversos periódicos científicos nacionais e internacionais, GRATUITAMENTE?
Através desse portal, qualquer estudante universitário ou mesmo profissionais das mais diversas áreas, seja de ECONOMIA, DIREITO,PSICOLOGIA, COMPUTAÇÃO, ENGENHARIAS, ODONTOLOGIA, MEDICINA, praticamente todos os segmentos), sem qualquer custo, pode fazer pesquisas objetivando enriquecer suas monografias, mestrado, doutorado ou qualquer trabalho escolar.
Observe que, sem esse portal, você teria que pagar em dólares, cerca de $1.99 a $ 20.00 por artigo pesquisado.
INFELIZMENTE, devido a baixa procura por este site e o alto custo de sua manutenção pelo governo brasileiro, este poderá desativá-lo brevemente.
Realmente a procura é muito baixa para a amplitude a que se propõe, isto porque o mesmo não é divulgado.
A maioria dos estudantes universitários brasileiros e estudiosos desconhece a existência deste portal que é uma fonte riquíssima deconhecimento científico.
Até hoje ele foi alvo de um seleto público, quando deveria estar no dia-a-dia das faculdades brasileiras favorecendo a qualquer estudante nassuas pesquisas.
Para que o mesmo continue ativo, divulgue-o junto a seus amigos, familiares e, se for o caso, imprima uma cópia deste e-mail e envie paraas faculdades ou universidades de sua cidade.
O endereço do portal CAPES é:
www.periodicos.capes.gov.br http://www.periodicos.capes.gov.br/

quarta-feira, setembro 03, 2008

Estudo vê "urbanismo" antigo no Xingu

Um grupo de pesquisadores do Brasil e dos EUA acaba de desferir uma bordunada na idéia de que a Amazônia pré-cabralina era habitada pelos proverbiais índios pelados morando no mato. Pelados, talvez. Mas, pelo menos no alto Xingu, afirmam os cientistas, eles moravam era em cidades.
Um artigo publicado hoje no periódico "Science" sustenta que, entre os anos 1200 e 1600, a sociedade xinguana desenvolveu um tipo de urbanismo pré-histórico, comparável a algumas "pôleis" gregas.
"Falar em urbanismo tem um caráter provocador", admite o antropólogo Carlos Fausto, do Museu Nacional. Ele é um dos líderes da pesquisa, ao lado da lingüista Bruna Franchetto, da mesma instituição, e do arqueólogo americano Michael Heckenberger, da Universidade da Flórida. "Não era, claro, como a Mesopotâmia, mas existe uma sistemática, como se houvesse uma planificação", continua. "Não são aldeias perdidas na floresta."
Escavações feitas por Heckenberger com a ajuda dos índios cuicuros revelaram uma densa rede de estradas que cortavam toda a região onde hoje está o Parque Indígena do Xingu. Em pelo menos dois locais, as escavações revelaram vilas muradas de até 50 hectares (hoje, a média das aldeias xinguanas é de 6 hectares) e aldeias menores, de cerca de 10 hectares cada. Todas eram ligadas por estradas a centros cerimoniais com grandes praças.
Esses conjuntos habitacionais são descritos como aglomerados urbanos "galácticos", com aldeias que gravitavam em torno de um local que claramente era o centro político e religioso da urbe xinguana.
Desmatadores
A julgar pela quantidade de vestígios, o Xingu pré-conquista deveria ser densamente povoado. Heckenberger estima em até 100 mil o número de pessoas habitando a região. Cada vila poderia comportar até 2.500 pessoas -uma aldeia cuicuro atual tem menos de 300.
Essa população pré-histórica transformou a paisagem. O que hoje parece uma imensa floresta virgem, afirmam os pesquisadores, abrigou no passado extensas roças, pomares e tanques para a criação de tartarugas. Ou seja, as florestas são "antropogênicas" --matas secundárias que cresceram depois que epidemias dizimaram a maior parte dos índios.
"Não é como [a agricultura feita por] Blairo Maggi, mas havia um uso ativo da terra", brinca Heckenberger, em alusão ao governador de Mato Grosso, grande plantador de soja.
Segundo o arqueólogo, o planejamento urbano amazônico pré-histórico era mais complicado do que o da Europa medieval. "Lá você tinha a "town" [vila] e a "hinterland" [zona rural] sem integração. Aqui estava tudo junto", diz.
A organização espacial xinguana também denota uma hierarquia política entre vilas que remete às cidades-estado gregas. Cada "aglomerado galáctico" era um centro independente de poder, que provavelmente mantinha relações com outros aglomerados.
"Você não encontra uma capital da região", diz Carlos Fausto. "O maior nível de organização é a vila cerimonial."
Gaveta
Para o arqueólogo Eduardo Neves, da USP, que não participou do estudo, o maior mérito do trabalho é definir melhor o que se entende por "sociedade complexa" na Amazônia. Afinal, o modo de vida atual dos índios espelha o padrão pré-colonial ou o genocídio da conquista riscou do mapa organizações políticas e sociais muito mais complexas que as de hoje?
"A gente fala em complexidade na Amazônia Central, em Santarém e na ilha de Marajó, mas ninguém qualificou isso direito ainda", diz Neves.
A antropologia tradicional divide os índios em "Estados" (como o inca) e "populações de terras baixas" (os "bárbaros"). "Há uma gaveta nos modelos para encaixar a Amazônia, mas algumas sociedades demandam uma entrada oblíqua", afirma Heckenberger.
O trabalho do americano e de seus colegas tem revelado que, no caso do Xingu, um bom grau de complexidade social ainda existe: a organização das aldeias hoje é uma espécie de versão em miniatura do passado. Até a orientação das casas dos chefes dentro de uma aldeia circular cuicuro, a norte-noroeste e a sul-sudeste da praça central, espelha a posição das cidades antigas em relação aos grandes centros cerimoniais.
Outra evidência de continuidade é o fato de os próprios cuicuros saberem onde ficam os assentamentos antigos e terem-nos revelado aos pesquisadores. Por conta disso, o chefe Afukaká Kuikuro é um dos autores do artigo na "Science".
"O pai do nosso vovô já contava que antigamente tinha muita gente aqui", contou Afukaká, por telefone. "Aí o Mike veio com o computador e mostrou que era isso mesmo."

Fonte: Folha de S. Paulo, Caderno Ciência, 29/08/2008.

terça-feira, setembro 02, 2008

Mudanças climáticas: por que devemos nos preocupar

A FAAP convida para a palestra

Mudanças climáticas: por que devemos nos preocupar
03/09/2008 - quarta-feira - 19h
com o palestrante Carlos Nobre
Engenheiro eletrônico pelo ITA, doutor em Meteorologia pelo MIT e pós-doutoramento na Universidade de Maryland, EUA. Pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais; foi um dos arquitetos do Experimento de Grande Escala da Biofesra-Atmosfera da Amazônia (LBA) e foi diretor do CPTEC-INPE. Tem dedicado sua carreira científica à Amazônia e desenvolveu pesquisas pioneiras sobre os impactos climáticos do desmatamento da Amazônia, formulando, em 1991, a hipótese da "savanização" da floresta tropical em resposta aos desmatamentos e ao aquecimento global, que vem sendo estudada em todo o mundo.
Palestra gratuita
Confirme sua presença
11 3662-7449 / 7451 ou pos.palestras@faap.br
Local: FAAP São Paulo - Auditório 2
Rua Alagoas, 903 - Higienópolis - São Paul0 - SP

População começará a cair em 2040, diz IBGE

A população brasileira chegou em 2008 a 189,6 milhões de habitantes, mas cresce em ritmo cada vez menor devido à queda nas taxas de fecundidade. Com isso, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) está revendo suas estimativas e antecipou a data em que prevê que a população começará a cair. Em vez de 2062, a nova projeção aponta que isso ocorrerá até 2040.

Os números definitivos da nova projeção oficial serão divulgados apenas em novembro, mas ontem, ao divulgar as estimativas populacionais de 2008, os técnicos do instituto adiantaram que o novo teto populacional ficará entre 217 milhões e 220 milhões de habitantes ao final da década de 2040.

A estimativa antiga apontava que a população ultrapassaria 260 milhões de pessoas e só depois diminuiria, em 2062.A revisão nas estimativas oficiais foi necessária por causa da queda mais intensa do que a prevista nas taxas de fecundidade. As últimas pesquisas do IBGE e do Ministério da Saúde já indicam que o número médio de filhos por mulher está abaixo de 2, ou seja, inferior ao nível de reposição populacional. Essa queda mais acentuada do que a prevista fez com que o instituto revisasse seu limite de queda projetado para a fecundidade. Em vez de 1,85 filho por mulher, agora o IBGE trabalha com a taxa de 1,5.

Luiz Antônio Oliveira, coordenador de População e Indicadores Sociais do IBGE, explica que essas revisões são constantes e que, no passado, o ritmo mais intenso de queda de fecundidade já havia superado estimativas antigas."Em 1970, a fecundidade estava no patamar de 5,8 filhos por mulher. A partir do censo daquele ano, as estimativas indicavam que a população ficaria em 2000 entre 201 milhões e 221 milhões. A população recenseada em 2000, no entanto, ficou em torno de 170 milhões, ou seja, 30 milhões a menos que a estimativa menos conservadora", afirmou.

O objetivo de atualizar constantemente essas estimativas é ajudar o país a adequar suas políticas públicas ao tamanho da população. Uma fecundidade mais baixa, aliada ao aumento da expectativa de vida, significa que a população idosa será proporcionalmente cada vez maior, o que tem impacto direto em políticas de saúde, aposentadoria e no mercado de trabalho, por exemplo. As novas projeções do IBGE serão feitas levando em conta estimativas de população não contada no censo de 2000 e na contagem populacional do ano passado.Para 2007, por exemplo, o instituto estima que de 1,7% a 3,4% da população não foi contabilizada. Juarez de Castro Oliveira, do IBGE, afirma que é comum os censos, em todo o mundo, apresentarem alguma omissão e que as taxas brasileiras não diferem muito das verificadas em outros países.

Na sexta-feira (29/08), o IBGE divulgou também suas estimativas populacionais para cada município brasileiro. O Estado de São Paulo, mais uma vez, apresentou a maior cidade do país -São Paulo, com quase 11 milhões de habitantes- e a menor -Borá, com apenas 834. As estimativas para 2008 foram feitas com base no Censo de 2000 e na contagem populacional de 2007. Elas são parâmetro para o TCU (Tribunal de Contas da União) determinar a parcela que cabe a cada prefeitura no Fundo de Participação dos Municípios. As prefeituras têm prazo de 20 dias, a contar da publicação das estimativas no "Diário Oficial" da União, para apresentar recurso ao IBGE.Isso tem acontecido, principalmente, em casos em que a cidade passa a receber menos recursos da União por causa do crescimento menor ou da diminuição da população.São raros, no entanto, os casos em que o recurso tem fundamento, de acordo com o instituto.

Fonte: Folha de São Paulo, Caderno Cotidiano