quarta-feira, janeiro 27, 2010

O imbróglio da aplicação de provas para os professores

Faz tempo que há uma discussão acalorada acerca da aplicação ou não de avaliações para os professores não efetivos da rede pública estadual poderem lecionar. Há ainda uma discussão que persiste em relação a aplicação de uma avaliação para os docentes efetivos poderem receber um aumento de salário, ou seja, a bonificação no salário do docente é atrelado ao desempenho dele nesta prova.
Com algumas liminares obtidas na justiça, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) conseguiu no passado cancelar tais práticas, mas a Secretaria de Estado da Educação recorreu e acabou derrubando essas liminares, permanecendo assim, as famigeradas avaliações.

Se a aplicação de tais avaliações é boa ou ruim, depende do ponto de vista. Mande a sua opinião sobre esta situação vivida pelos inúmeros docentes, sempre com educação e qualidade, por favor.

Abaixo encontra-se um vídeo de uma sessão na Câmara dos Vereadores de São Paulo. O vereador Gabriel Chalita, que foi Secretário Estadual da Educação e defendeu a política do PSDB para o estado de São Paulo por mais de vinte anos, faz uma dura crítica a aplicação de provas para os professores efetivos da rede. Acompanhem e dê suas opiniões.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada lança ferramenta com mapas online dos municípios brasileiros


O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgará na quinta-feira (28), às 10h, o portal Mapas Ipea, que permite aos internautas visualizar, no mapa brasileiro, diversas informações sobre os municípios do País. Por meio dele será possível, por exemplo, obter detalhes sobre as 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

O Mapas Ipea foi elaborado a partir do software livre I3Geo. A ferramenta do Ipea reúne em um só endereço informações já públicas, que têm como fonte Ministérios e outros Órgãos Federais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Utilizando a ferramenta de buscas, ou a partir de ampliação no mapa do País, o usuário encontra a cidade que deseja pesquisar.

Entre os dados disponíveis, pode-se consultar a população, a área, o Produto Interno Bruto (PIB), rodovias, estatísticas de educação e quantidade de servidores públicos nos municípios. Os mapas permitem, ainda, saber quais municípios têm acesso mais rápido a aeroportos e quais têm mais famílias em situação de pobreza. Qualquer pessoa poderá montar seu próprio mapa, sobrepondo as camadas de dados que lhe interessam, permitindo novos cruzamentos de dados.

Os mapas estarão disponíveis no site do Ipea (www.ipea.gov.br).

sábado, janeiro 23, 2010

XXIV Congresso Brasileiro de Cartografia


Entre os dias 16 a 20 de maio, ocorrerá em Aracaju (Sergipe) o XXIV Congresso Brasileiro de Cartografia. Neste ano o tema do congresso será "Cartografia - Ferramenta para o ordenamento e gestão territorial".

Simultaneamente ao evento, ocorrerá também o II Congresso Brasileiro de Geoprocessamento e a XXII Exposicarta.

As inscrições para envio de trabalhos visando a sua apresentação no Congresso estão abertas até o dia 28/02. Nesta data também termina a inscrição com desconto para a participação nos eventos.

Para maiores informações e inscrições acesse o link: http://www.cartografia.org.br/CBC_2010.html

terça-feira, janeiro 19, 2010

O choque das placas no Haiti e a missão ONU/BRASIL

Publicado em: http://mundogeofieo.blogspot.com/2010/01/o-choque-das-placas-no-haiti-e-missao.html


- O Peso de Uma Catástrofe -

O que vem acontecendo no território haitiano desde o ultimo dia 12 mais que uma catástrofe natural, também reflete, mesmo que de maneira mais opaca, como o exercicio da soberania mundial se manifesta nos momentos da fragilidade humana. E que, de uma maneira mais subjetiva, está transformando a ação humanitária no território em uma disputa de poder.
Todo esse aspecto se desenvolve dentro da esfera política internacional, comandada pela ação humanitária coordenada pela ONU após a instabilidade política que o pais vem sofrendo e que elegeu ao Brasil a sua primeira missão internacional com o intuito de uma reorganização daquele território. Dentre as premissas, o Brasil deveria: estabilizar o país; pacificar e desarmar grupos guerrilheiros e rebeldes; promover eleições livres e informadas, e; formar o desenvolvimento institucional e econômico do Haiti. A missão vem se desenvolvendo desde 2004 e as adversidades são tantas que ainda há muito o que ser feito. Entretanto, nem Haiti nem Brasil – assim como a comunidade internacional – esperavam que uma catástrofe de ampla magnitude viesse assolar aquela região.
O terremoto que praticamente destruiu o Haiti, pois a concentração econômica e populacional está exatamente na área onde o fenomemo ocorreu, não abalou somente as estruturas de prédios e casas, mas ainda repercute em ondas menores nas relações de poder entre Brasil e EUA. A relação atual entre estes dois países também está figurando no cenário mundial após a intervenção dos EUA na coordenação das ações emergenciais naquele território.
Após a mobilização mundial em ajudar aos haitianos devido à catástrofe ocorrida, os EUA passaram a querer liderar também as ações dentro do território, enviando uma grande frota de soldados com medo de uma “onda de terror” que poderia ser gerada pelo caos instaurado, e controlando todas as ações que devem ser tomadas na região mais afetada pelo abalo sísmico. O Brasil, em sua pasta das Relações Internacionais, por sua vez, vê sua soberania ser ameaçada e começa a questionar a atitude do Big Brother, pois como é o país escolhido pela ONU tem o direito de liderar todas as ações, uma vez que é o líder da missão MINUSTAH (uma missão de paz criada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 30 de abril de 2004 para restaurar a ordem no Haiti, após um período de insurgência e a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide).

- O Choque das Placas Americanas -

Esse mal-estar político entre essas duas soberanias vem aumentando a tensão diplomática entre os dois paises. E os motivos são diversos para que isso ocorra.

De um lado, temos o Brasil, que almeja uma cadeira efetiva no conselho de segurança da ONU e vem galgando pelos caminhos para que isso ocorra (varias são as participações do Brasil em missões da ONU), o aumento de sua relação internacional – objeto de análise especial – é uma das principais características do governo atual, o grande numero de acordos internacionais com países que estão evoluindo economicamente, e que assim o desejam, fizera do país um líder em diversos grupos econômicos (como G-20 e BRIC), e a atual fase do Presidente LULA fortalece ainda mais essa liderança. Do outro, temos os EUA, que estão se recuperando uma crise econômica jamais vista e que buscam soluções para não cair em outra (dessa vez a da saúde), que enfrentam problemas do governo anterior gerados pelas ações militares no oriente médio e que veem a liderança continental ser diminuída após as indicações de um outro presidente como principal líder (nesse caso, o próprio presidente brasileiro, eleito por franceses, ingleses e espanhois como personagem do ano). Não era de se tardar que uma hora ou outra eles tentariam impor mais uma vez sua supremacia.
O que sobra aqui como discussão é: será que o Brasil vai enfrentar os EUA afim de liderar as missão no Haiti (lembrando que os EUA são membros permanentes do conselho e o voto deles pode definir a aceitação, ou não, do Brasil como membro permanente) e se mostrar ao mundo como a mais promissora potencia no continente, ou será que o governo brasileiro vai sucumbir diante da pressão e do poder estadunidense, afim de garantir sua cadeira no Conselho de Segurança da ONU?
Ainda não sabemos ao certo qual o final desse embate, o que resta é torcer para que isso não atrapalhe as medidas a serem tomadas afim de reduzir o problema humano que o Haiti vem enfrentando e que tudo se resolva o mais rápido possível!



Estágio para estudantes da área de geoprocessamento (SP)

A empresa Tetraplan está oferecendo uma vaga para estágio na empresa, destinada a estudantes que estejam cursando o 2° ou 3° ano de Geografia, Geologia, Engenharia Cartográfica, Engenharia Florestal ou áreas afins.

O candidato deve ter conhecimentos básico-intermediá rios em geoprocessamento para aplicações ambientais e sólidos conhecimentos nos aplicativos Microsoft Office.

O estagiário trabalhará na Consultoria Ambiental, localizada em Itaim Bibi, São Paulo. Os interessados devem enviar currículo para denise.tonello@tetraplan.com.br e augusto.godinho@tetraplan.com.br.

Inpe abre concurso para contratação temporária de técnicos e pesquisadores


Publicados no Diário Oficial na última sexta-feira (15/1) dois editais que estabelecem as normas e abrem as inscrições ao Processo Seletivo Simplificado que irá contratar, por tempo determinado, profissionais de nível médio e superior para exercício de atividades técnicas e de pesquisa no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O primeiro edital é destinado à contratação de 15 profissionais de nível médio e superior que atuarão no Centro de Rastreio e Controle de Satélites do INPE, com vagas para São José dos Campos, Cuiabá e Alcântara. As inscrições devem ser feitas entre os dias 18 a 29 de janeiro nas unidades de Cuiabá (MT), São Luís (MA) e São José dos Campos (SP).

No segundo edital, são 26 vagas de nível superior na área de Pesquisa em Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, para atuação em São José dos Campos e Cachoeira Paulista (SP), onde devem ser realizadas as inscrições também no período entre 18 e 29 de janeiro.

Mais informações: www.inpe.br/processo_seletivo/index_processo.php.

Fonte: Inpe

sábado, janeiro 16, 2010

V Simpósio Brasileiro de Ensino de Solos

TEMA: "PESQUISA E POPULARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO EM SOLOS"
Local: CURITIBA - PR
Data: 15 A 17 DE ABRIL DE 2010
Informações: http://www.sbes.ufpr.br
E-mail: sbes@ufpr.br

Este evento é destinado a professores da educação superior, tecnológica, técnica e básica (fundamental e médio), pós-graduandos, profissionais que atuam na educação ambiental e na formação de trabalhadores rurais e agricultores, estudantes de cursos de licenciaturas, autores e editores de livros didáticos, pesquisadores da área educacional, alunos de graduação que atuam em monitoria ou extensão universitária, e demais interessados na educação em solos.

terça-feira, janeiro 12, 2010

História de São Paulo na Casa das Rosas

No presente mês comemora-se mais um aniversário do município de São Paulo (456 anos) e muitos eventos estão sendo organizados para que essa data não passe em branco.

Além da abertura para visitação pública de algumas partes do Mosteiro de São Bento (evento que ocorrerá no dia 25 de janeiro), foi dado início, desde o dia 10, uma série de palestras na Casa das Rosas, localizada na Avenida Paulista, sobre a história do município de São Paulo.

As palestras são gratuitas e sempre ocorrem aos domingos, das 11h às 13h. Segue abaixo o calendário:

Domingo, 17 de janeiro
11h às 13h
Palestra: “Av. Paulista”
Com Neuza Guerreiro de Carvalho.
Nos 456 anos da cidade, a Avenida Paulista continua sendo seu cartão postal. Vamos conhecê-la melhor por meio de sua história, seu passado, seu “agora”, sua arte de rua e sua gente.

Domingo, 31 de janeiro
11h às 13h
Palestra: “A arqueologia na cidade de São Paulo”
Com prof. dr. Paulo Zanettini.
A cidade guarda em seu subsolo um vasto patrimônio arqueológico ainda pouco conhecido por seus habitantes. Sítios pré-históricos, aldeamentos, locais de mineração, sedes de fazendas do período colonial, unidades fabris são alguns dos exemplos de sítios arqueológicos que nos ajudam a conhecer novos aspectos da história de nossa metrópole.

Casa das Rosas
Avenida Paulista, 37 - próximo a estação Brigadeiro do Metrô (Linha Verde)

domingo, janeiro 10, 2010

Livro resgata 20 anos de reflexões de Milton Santos sobre o Brasil

Leia abaixo um texto do livro "O País Distorcido" da Publifolha, que reúne textos publicados pelo geógrafo Milton Santos na Folha de S.Paulo de 1981 até sua morte em 2001.

Por uma globalização mais humana
A globalização é o estágio supremo da internacionalização. O processo de intercâmbio entre países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo desde o período mercantil dos séculos 17 e 18, expande-se com a industrialização, ganha novas bases com a grande indústria, nos fins do século 19, e, agora, adquire mais intensidade, mais amplitude e novas feições. O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de troca: técnica, comercial, financeira, cultural.

Vivemos um novo período na história da humanidade. A base dessa verdadeira revolução é o progresso técnico, obtido em razão do desenvolvimento científico e baseado na importância obtida pela tecnologia, a chamada ciência da produção.

Todo o planeta é praticamente coberto por um único sistema técnico, tornado indispensável à produção e ao intercâmbio e fundamento do consumo, em suas novas formas.

Graças às novas técnicas, a informação pode se difundir instantaneamente por todo o planeta, e o conhecimento do que se passa em um lugar é possível em todos os pontos da Terra.

A produção globalizada e a informação globalizada permitem a emergência de um lucro em escala mundial, buscado pelas firmas globais que constituem o verdadeiro motor da atividade econômica.

Tudo isso é movido por uma concorrência superlativa entre os principais agentes econômicos -- a competitividade.

Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se globais, e o que acontece em qualquer ponto do ecúmeno (parte habitada da Terra) tem relação com o acontece em todos os demais.

Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global. Na realidade, as relações chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.

Infelizmente, o estágio atual da globalização está produzindo ainda mais desigualdades. E, ao contrário do que se esperava, crescem o desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num mundo que se fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais.

A droga, com sua enorme difusão, constitui um dos grandes flagelos desta época.
O mundo parece, agora, girar sem destino. É a chamada globalização perversa. Ela está sendo tanto mais perversa porque as enormes possibilidades oferecidas pelas conquistas científicas e técnicas não estão sendo adequadamente usadas.

Não cabe, todavia, perder a esperança, porque os progressos técnicos obtidos neste fim de século 20, se usados de uma outra maneira, bastariam para produzir muito mais alimentos do que a população atual necessita e, aplicados à medicina, reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade.

Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífico entre os povos e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos os dias reduz a mão-de-obra. É possível pensar na realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um outro tipo de globalização.

30/11/1995

"O País Distorcido" - O Brasil, a Globalização e a Cidadania
Autor: Milton Santos
Editora: Publifolha
Páginas: 224
1a. edição, 2002
Quanto: R$ 32,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha (http://livraria.folha.com.br)

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Samba paulistano afirma o vínculo comunitário e territorial

Os diversos usos do território paulistano pelos sambistas e a relação entre o território, a cultura e a tradição das comunidades que fazem parte do “mundo do samba”, foram temas de um estudo desenvolvido na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Com um olhar geográfico, houve o levantamento dos locais ligados ao samba e verificou-se que a maior concentração de escolas de samba ativas na capital paulista está localizada nas regiões Leste e Norte de São Paulo.

Em seu doutorado – As territorialidades do samba na cidade de São Paulo – o geógrafo Alessandro Dozena estudou as maneiras com que os espaços paulistanos são apropriados pelos sambistas, que podem considerar o samba não apenas como um gênero musical, mas como um estilo de vida territorialmente vivenciado. A pesquisa teve orientação do professor Francisco Capuano Scarlato e auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Segundo o pesquisador, “o samba é mais do que um estilo musical, ele tem grande importância na formação e na afirmação da identidade das comunidades e está relacionado à ideia de pertencimento em relação a um grupo ou a um lugar específico”. De acordo com a pesquisa, há uma relação simbólica e subjetiva entre a população e os espaços destinados ao samba – como a quadra de uma escola de samba, por exemplo. As pessoas veem o lugar onde o samba acontece como algo que faz parte de suas vidas e contém muitas representações de suas memórias coletivas.

Essa identificação com o lugar faz com que muitas pessoas se desloquem de um ponto a outro da cidade para freqüentar determinada roda ou escola de samba. “Uma das características das práticas sociais atreladas ao samba é a mobilidade e a fluidez. Essa constante fluidez pode ser observada na dinâmica das escolas e rodas de samba, movimentos e projetos de samba – e foi algo importante que acompanhou o processo de urbanização paulistana”, afirma Dozena.

A expansão do samba na Paulicéia ocorreu concomitante com seu processo de urbanização. Até meados do século XX, os sambistas concentravam suas práticas na região central de São Paulo, mas com as transformações ocorridas durante essa época impulsionadas pela especulação imobiliária, muitas pessoas que faziam parte do “mundo do samba” foram expulsas e passaram a morar distantes do centro. Com isso, os hábitos, cultura e tradições foram se espalhando e possibilitando a configuração de outros territórios destinados ao samba.

“Há uma característica interessante nas práticas sociais que acompanham o samba. É comum encontrarmos pessoas que saem da região Oeste de São Paulo, por exemplo, para participar de rodas de samba ou eventos de escolas de samba na região Leste. Nesse ponto, é possível observar que o pertencimento comunitário muitas vezes ultrapassa a noção de bairro. A questão da configuração de redes de sociabilidade é muito forte e torna possível essa intensa e incessante mobilidade no mundo do samba”, explica o pesquisador.

Territorialização das escolas de samba
Essa dispersão da população para as periferias intensificada a partir da década de 1950 foi um fator importante que influenciou a maior concentração de escolas de samba nas regiões Leste e Norte de São Paulo, observada atualmente. Segundo Dozena, “as escolas de samba começaram a ganhar força nos bairros periféricos a partir dessas modificações ocorridas na cidade. Anteriormente, estavam concentradas nos bairros centrais e, com a expulsão dos sambistas do centro, muitas escolas de samba foram criadas e mantidas até hoje em bairros marginais de São Paulo”.

Das 80 escolas de samba ativas em São Paulo, 32 delas estão localizadas na região Leste e 20 na região Norte. Já a região Oeste da capital e a região Central contam, cada uma, com apenas 7 escolas. Para o geógrafo, “um fator relevante para a baixa concentração de escolas de samba na região Oeste – na área próxima aos bairros Morumbi, Itaim Bibi e Moema – é a presença de blocos carnavalescos ao invés de escolas de samba além da baixa densidade de vida comunitária aí manifestada. Já em outros bairros, como o Capão Redondo, a presença do rap é marcante e coexiste com o samba”.

Outro dado interessante presente na pesquisa refere-se à distribuição das escolas de samba ativas por classes econômicas. A maior concentração de escolas situa-se em bairros pertencentes às classes econômicas B2 e C (Critério de Classificação Econômica Brasil – Associação Brasileira de Estudos Populacionais), deixando evidente a correlação entre a renda e a distribuição espacial das escolas de samba. Das 80 escolas de samba ativas em 2009, 62 estão localizadas em regiões pertencentes às classes B2 e C e apenas 2 estão em bairros de classe A2. “É clara a territorialização das escolas de samba em regiões de renda média ou baixa e a pouca presença de quadras de escola de samba e rodas de samba nos bairros mais ricos”, diz o pesquisador.

Mais informações: email sandozena@usp.br, com o pesquisador Alessandro Dozena

Fonte: Ana Carolina Athanásio / Agência USP

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Cem anos depois, Osasco (SP) revive o primeiro voo da América do Sul

Às 5h50 do dia 7 de janeiro de 1910, um barulho de motor se ouvia nas proximidades do chalé Bricola, em Osasco - então vila do município de São Paulo. Alguns instantes depois, aconteceria o primeiro voo de um avião na América do Sul, que percorreu 103 metros de distância - a uma altura que variava de 2 a 4 metros - em 6 segundos.

A bordo da máquina, batizada de São Paulo, o aviador e inventor Dimitri Sensaud de Lavaud (1882-1947). No dia seguinte, a história foi contada pelo Estado, sem economia de adjetivos, e a foto do aviador ficou exposta na vitrine da sede do jornal.

Um século se passou e Osasco prepara uma série de comemorações para relembrar o episódio. Às 16h desta quinta-feira (7/1), no museu municipal que fica no próprio chalé Bricola (Avenida dos Autonomistas, 4.001, Jardim Alvorada; tel.: 3654-3108) e leva o nome do aviador, será aberta uma exposição com 24 fotos que ilustram a carreira de Lavaud. A mostra vai até 26 de fevereiro, com entrada grátis.

A escritora osasquense Susana Alexandria finaliza, em parceria com o jornalista Salvador Nogueira, o livro 1910: o Primeiro Voo do Brasil (título ainda provisório), a ser lançado pela editora Aleph. A obra deve estar à venda a partir de abril. "Durante minha infância, morava ao lado do chalé Bricola. Sempre tive uma ligação emocional com o lugar, um fascínio pela casa e sua história", conta Susana. "Desde 2006, estamos pesquisando para escrever o livro."

Os planos da escritora não param por aí. Com o propósito de, segundo ela, "divulgar essa história para além de Osasco", ela organiza, ainda para este ano, uma exposição itinerante e um documentário em vídeo relatando a façanha.

1910: o Primeiro Voo do Brasil não será o único livro a narrar o feito de Lavaud. Recentemente, o pesquisador francês Alain Cerf lançou, pela editora Editions du Palmier, a biografia Dimitri Sensaud de Lavaud, un ingénieur extraordinaire. "Por enquanto, o livro está disponível apenas em francês. Mas poderia, espero eu, ser traduzido para o português", diz Cerf, que descobriu por acaso a história de Lavaud e, fascinado, pesquisou ao longo de cinco anos para produzir o livro, tendo vindo diversas vezes para Osasco.

A Câmara Municipal de Osasco também deve homenagear o ilustre inventor, em sessão solene marcada para o dia 8 de abril. "É um fato para colocar nossa cidade no cenário internacional", vislumbra o vereador Sebastião Bognar (PSDB), que promete propor, na primeira sessão ordinária do ano, em fevereiro, que os poderes do município adotem, em seus documentos, um timbre com os dizeres: Ano do Centenário do Primeiro Voo na América do Sul.

Bognar sugere que a efeméride seja lembrada por outros órgãos como os Correios - que poderiam criar um selo comemorativo - e a Telefônica - que poderia criar cartão alusivo ao tema. Ele também pretende convidar a Esquadrilha da Fumaça, da Força Aérea Brasileira (FAB), para se apresentar na cidade.

Biografia
Lavaud nasceu na Espanha, em 1882, filho do casamento de um francês com uma russa. Antes de se mudar para o Brasil, viveu na Suíça, Turquia e Grécia. Em Osasco desde 1898, a família Lavaud se instalou no chalé Bricola, construído menos de uma década antes pelo banqueiro Giovanni Bricola, no alto de um morro em uma área então distante do centro urbano. Seu pai comprou uma olaria e, em seguida, tornou-se sócio de indústrias de cerâmica da região.

Ainda adolescente, Lavaud já se dedicava a ler livros técnicos, construir barcos a vela e a jogar xadrez. Aos 26 anos, iniciou os projetos e cálculos para a realização de seu sonho: projetar e construir um avião. O aeroplano São Paulo, cujo esqueleto media 10,2 metros de comprimento por 10 metros de largura, ficou pronto em fins de 1909, e todas as suas peças foram feitas no Brasil.

"Ele era nosso Thomas Edison, um homem fantástico", compara o engenheiro civil Pierre Arthur Camps, citando o célebre inventor norte-americano. Camps, cujo avô era irmão da sogra de Lavaud, sempre foi um admirador da história do aviador. Em 2007, construiu uma réplica do São Paulo, doada ao Museu Asas de Um Sonho, mantido pela companhia aérea TAM na cidade de São Carlos, interior do Estado. "Levei um ano para construir o avião, com base em desenhos da época", recorda-se. "Precisei reprojetá-lo."

A carreira de Lavaud não se encerrou com o histórico voo. Acredita-se que ele tenha registrado cerca de 1,2 mil patentes diferentes, em vários países. Entre seus inventos, estão peças até hoje utilizadas pela indústria automobilística e aeronáutica, como tipos de chassis, freios, câmbios e hélices.

Em 1916, trocou o Brasil pelo Canadá. Na década de 20, mudou-se para a França - onde se estabeleceu até a sua morte, em 1947. Durante a Segunda Guerra Mundial, chegou a ser preso, a mando dos alemães, para que contribuísse com conhecimento tecnológico. A embaixada brasileira na França atuou por sua libertação.

"Infelizmente, não cheguei a conviver com ele. Mas minha família sempre lembrava de sua história com orgulho, afinal foi um grande inventor", afirma a única de suas netas ainda viva, Martine Ryser de Souza e Silva, de 63 anos.
Fonte: Edison Veiga - O Estado de São Paulo, 7/1

Imperdível: São Paulo antes e depois dos arranha-céus

Uma ótima oportunidade de engendrarmos uma aula de Geografia Urbana, cujo objeto de estudo será o espaço geográfico paulistano, é visitarmos a partir do dia 25 de janeiro a exposição fotográfica intitulada "Memória da Cidade: São Paulo antes e depois dos arranha-céus" na Caixa Cultural de São Paulo.

A exposição conta com o apoio do Museu Paulista da Universidade de São Paulo e ficará aberta ao público até 28 de fevereiro. A exposição conta a história e o patrimônio do município de São Paulo a partir das lentes de dois fotógrafos, separados pelo tempo e pelas transformações fisionômicas da megalópole.

O fotógrafo Renato Suzuki retorna aos mesmos espaços retratados por Militão Augusto de Azevedo há mais de cem anos e os documenta buscando as aproximações e distanciamentos entre esses dois mundos - o município de hoje e o do século 19.

A Caixa Cultural localiza-se na Praça da Sé, 111, no centro de São Paulo. A entrada é gratuita. Mais informações: http://www.caixa.gov.br/ ou pelo telefone (11) 5521-4400.

USP busca professor doutor de geografia

O Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP) abriu edital para a contratação de professor doutor na área de Geografia.
As inscrições ficam abertas até o dia 5 de abril, das 10h às 12h e das 14h às 17h, de segunda a sexta-feira. O IEB fica na Av. Prof. Mello Moraes, Travessa 8, 140, Cidade Universitária, São Paulo (SP).
Para acessar o edital, clique aqui.