Uma Geografia surpreendente

O núcleo de pesquisa do curso de Geografia do UNIFIEO em associação ao Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento - CESA/ISEG de Lisboa (representado pela psicóloga social Iolanda Évora) chegou à cidade da Praia, capital da República de Cabo Verde e não há como deixar de mencionar as primeiras impressões: estamos diante de uma Geografia surpreendente, não somente pelo inesperado das configurações que se expuseram aos nossos olhos. Parte desse inesperado fica por conta dos estereótipos sobre a África (falta de infra-estruturas, falta de organização, ausência de vida urbana, tradicionalismo isolado e tribalismo) que povoam nossas almas, e que em Cabo Verde se desmentem rapidamente. Mas, pela primeira impressão que a estrutura urbana dessa cidade nos causou. Notoriamente em processo de reestruturação, com um número elevadíssimo de novas construções, está se desenhando um perfil urbano marcado por tendências bem familiares para nós habitantes da metrópole de São Paulo. Condomínios fechados (foto - Condomínio Vila Verde, em Miramar), uma enchente de automóveis (uma pequena cidade do automóvel incrustada nas montanhas de uma ilha vulcânica) potentes e enormes, um rumo acelerado em direção a uma segregação social de outro teor, uma segregação moderna, desenvolvida, sofisticada, mas segregação que entra em contradição com as funções do espaço urbano se as considerarmos pelo viés da urbanidade. Aquele que admite que a cidade é uma configuração social que reúne densidade e diversidade, virtudes contraditórias ao afastamento visível na cidade da Praia. São primeiras impressões.